Depois de tudo, agora que não há nada mais a ser dito ou feito, não são os homens que dominam a terra, nem as baratas ou qualquer outro tipo de inseto.
Depois de tudo, o mundo é tomado pela ferrugem. E tão somente por ela.
As máquinas sofisticadas e poderosas se vergaram diante dela.Os armamentos mortais e as bombas inclementes cairam e tombaram apodrecidos, completamente corroídos de ferrugem.
Um câncer que se espalha por todos os poros e todas as esquinas.
O horizonte esbranquiçado contrasta com as ferragens rubro-negras.Destroços de sonhos não realizados, escrombos de vidas abreviadas sem aviso.O sol não nasce mais.Mas todos os dias, ele morre quase sempre pontualmente. Envolto por uma grossa e baixa neblina que estruparia e envenenaria as narinas de quem minimamente a respirasse por um instante sequer.Por sorte, ou azar, não há mais ninguém em risco.O risco é uma possibilidade.E nesse mundo não existe mais possibilidade alguma.
Em cinco segundos, desceriam os créditos finais da película, as luzes se acenderiam e seria o fim da sessão.
Texto e imagem de Ilvan Filho
Caricatura – Antônio Henriques Neto
Há uma semana
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