terça-feira, 22 de julho de 2008

Que diabo deu na igreja católica??

Fui educado e criado na religião católica. Fiz catecismo e preparação para primeira comunhão. Com o tempo, no entanto, racionalmente e filosoficamente, me identifiquei com os pensamentos e doutrinas budistas. Parei de frequentar a igreja e seguia a vida recitando um mantra aqui e outro acolá, quando arrumava tempo. E os anos se passarem. Casei e tive um filho.
Março, abril de 2008. Meu filho fica doente e os médicos diagnosticam meningite. Essa doença não é brincadeira. Em um dos textos q/ pesquisei na internet para conhecê-la estava escrito que era uma enfermidade que quando não matava, aleijava.
Eu me sentia impotente. Não tinha nada que eu pudesse fazer a não ser confiar nos tratamentos e nos médicos que estavam cuidando dele. Então, lembrei que eu ainda podia fazer alguma coisa sim: uma promessa. Fiz uma promessa aos santos e a Deus.
É o tal negócio, quando o bicho pega de verdade, até o mais descrente ateu ou o mais convicto budista, se vale de todos os anjos e santos.
Prometi voltar a ir à Igreja semanalmente. Até o fim dos meus dias por aqui. Só eu sabia o sacrifício dessa promessa. Sairia infinitamente mais barato para mim, se eu fosse subir de joelhos o Convento da Penha, por exemplo.
Meu filho se curou, está saudável e eu frequentando as missas dominicais, depois de anos e anos sem entrar numa igreja.
Aí, então, eu me deparei com a motivação desse texto: as missas hoje viraram um festival de musiquinhas de péssimo gosto. Praticamente tudo q/ era dito antigamente na celebração, agora é cantado. São, em geral, canções alegrinhas e abobalhadas. Antes, uma pessoa podia ir a igreja no Piauí ou no Rio Grande do Sul e ela conseguiria acompanhar as orações sem problemas. Mas, agora, eu fui numa missa num bairro vizinho ao meu e não consegui rezar sequer o "Pai Nosso" porque também era recitado em forma de musiquinha e não sabia a melodia.
Uma outra coisa que me desagrada muito é "jeito abobalhado de ser cristão" que foi adotado por aí. É um tal de levantar bracinho para cá e para lá, bater palmas para a Bíblia e outras coreografias que mais me lembram cena de filme com nerds americanos retardados. É uma alegria forçada e desproposital.
Eu gostaria de poder ir à Igreja e rezar. Só isso. Rezar com reverência, seriedade e austeridade. Não quero passar uma hora cantarolando musiquinhas horrorosas e ouvindo gente sem o menor talento musical "cantando" no altar, me lembrando porque sempre detestei karaokê.
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Para acabar:
Quando eu pensava que nada podia piorar, precisei assistir a uma missa em Guarapari, semana passada. O padre tinha um cabelo grande, caindo por cima das orelhas, que o deixava parecido com um personagem do antigo programa infantil, TV Colosso. E ele prendia o cabelo com um arco. Mas, pensei: imagem não é tudo. E dei um voto de confiança para o negócio.
Pouco tempo depois, o homem de Deus começa a balançar a Bíblia para um lado e para o outro, dançando ao som de uma das muitas insuportáveis canções da paróquia. Eu já estava com medo do que poderia vir a seguir.
E veio.
No sermão dele, fraco e raso de argumentação, ele, de repente cita uma música de Roberto Carlos (É preciso saber viver, etc.), cantando à capela, praticamente metade dela. Fla mais um poquinho e começa a cantar Zeca Pagodinho (Deixa a vida me levar, etc.) e Kelly Key (Não lembro a letra, graças a Deus).
Eu não via a hora daquilo acabar.
No final da missa, como já é de costume, o padre pede aos aniversariantes para se aproximar para se cantar os parabéns (outro hábito que só serve para aporrinhar os outros). Só uma menina apareceu e cantaram para ela. O padre, então, ao saber q/ ela estava completando 15 anos, diz a ela que ela agora só vai querer saber de "beijar muuuuuuuito", citando algum humorítico da tv. E encerra: -Beijinho, beijinho, tchau, tchau.
Ele foi iluminado nessa hora. Era assim mesmo que eu estava me sentindo: num programa da Xuxa.

Eita promessa difícil.
Eu só queria poder ir a uma missa e rezar.
Nada mais.

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